quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dia do Índio



O dia do índio é um dia a ser celebrado, realmente. Com uma cultura tão diferente da nossa, eles aprendem, dia após dia, a viver conforme a cultura da região, e nós vamos esquecendo de acrescentar no nosso dia a dia as principais características de uma civilização tão ligada a natureza.

Os índios normalmente são entendidos pela maioria como cidadãos primitivos, mas esse conceito antropológico já caiu em desuso há algum tempo.

Está errado aquele que ainda tem a antiga de ideia de que todos os seres humanos passaram pelo mesmo processo de evolução, em que fomos macacos, evoluímos para índios, evoluímos para civilizados e devemos, agora, acompanhar os europeus, seres mais evoluídos existentes. Cada raça tem suas características e todo mundo que reside neste universo está nivelado com a civilidade do outro, ou seja, esqueça essa de 'sou mais evoluído que eles'. Estamos no mesmo grau de evolução.

Ser evoluído não significa estar por dentro das ultimas inovações tecnológicas, mas sim, ter um sistema de comunicação mais eficiente. A partir do momento em que todos os homens se entendem por meio da fala, da linguagem, ele está no mesmo grau de evolução que os demais. Talvez o próximo grau de evolução seja todos os homens falando todas as línguas e entendendo uns aos outros mutuamente, quem sabe...

Mas, ainda que estar por dentro das inovações tecnológicas e deter o conhecimento de outras línguas fossem mesmo sinal de civilidade , ainda assim, o índio estaria no mesmo grau de civilidade que os demais: muitas tribos indígenas atuais conhecem não só sua língua nativa, mas também outras línguas, como é o caso da tribo de Avaí, próximo aqui, Bauru, SP. Eles falam a língua tribal, o português, inglês e muitos sabem também o espanhol. Possuem carros, motos, tvs, usam roupas das marcas que lhe agradam, trabalham, fazem faculdade, mestrado, enfim, aderiram aos costumes da cultura em que estão inevitavelmente inseridos, sem perder seus laços com a cultura de sua tribo. À esse fenômeno, chamamos de Aculturação.

Para aqueles ferrenhos defensores da cultura indígena, não precisam ficar preocupados: isso, de forma alguma, significa que a cultura da região está se sobrepondo à cultura da tribo. Eles conseguem muito bem conviver dessa forma sem perder sua identidade, assim como podemos nos mudar para outro país fazendo um intercâmbio sem jamais esquecermos que somos brasileiros, mesmo que deixemos de comer arroz e feijão todos os dias.


Diferente do que aconteceu na época das colonizações, em que a cultura do branco foi imposta aos indígenas por eles terem aquela ideia que muitos leigos ainda mantém de que possuem uma 'cultura superior' ao de 'seres tão primitivos', fenômeno esse conhecido por Etnocentrismo. Esse tipo de comportamento pode ser observado até hoje, quando alguém acha que os membros de uma determinada nação possuem menos inteligência, menos força, enfim, são inferiores em determinados pontos do que outras, o que é um absurdo: nos comportamos diferente, mas temos as mesmas capacidades. Lembrando que quando nos achamos inferiores do que outras raças, o fenômeno (e o erro) é o mesmo.

É bastante comum nos depararmos com elementos culturais diversos em uma determinada cultura, pois vivemos em um momento de globalização e "miscigenação" cultural. Muitas vezes se torna complicado perceber qual é a real origem de um elemento cultural, visto que a aculturação está se disseminando a níveis globais. Esse é um processo natural e deve ser encarado como um ponto positivo, mas é importante jamais esquecermos quem somos, nossa verdadeira identidade, pois nossa própria cultura constrói nosso caráter e nossa personalidade, e somos iguais nas nossas diferenças... como disse o sociólogo Boaventura de Souza Santos: "Tenho direito de ser igual quando a diferença me inferioriza. Tenho direito de ser diferente quando a igualdade me descaracteriza".


"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta. Não há ninguém que a explique e ninguém que não a entenda". Cecília Meireles.

*Ouçam Imagine, do John Lennon, o eterno hino daqueles que sonham um dia com o real sentido da globalização: o respeito das diferenças raciais e o senso de igualdade entre os cidadãos de todo o mundo.

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