quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Reflexão ou desabafo?


Todos esses acontecimentos improváveis que acabam acontecendo casualmente só existem para nos lembrar que a vida é fragil. E que não podemos disperdiçá-la sofrendo e dando importancia a bobagens. Isso parace óbvio, mas por que então insistimos em viver assim?


Somos a praga do mundo, o tumor que vai destruí-lo. Mais do que isso, somos pior, somos auto-destrutivos. Tendemos à depressão, à tristeza, é a natureza do homem ser a imagem e semelhança não de Deus, mas dos anjos caídos que vagam pela Terra espalhando o mal.

E tenho dito.

domingo, 14 de dezembro de 2008

'Meu Sonho'




Cavaleiro das armas escuras
Onde vais pelas terras impura
Com a espada sangüenta na mão?
Porque brilham seus olhos ardentes?
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?


Cavaleiro, quem és? O remorso?
Do corcel te debruças no dorso
E galopas do vale através...
Oh, da estrada, acordando as poeiras..
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te os fantasmas nos pés?


Onde vais pelas trevas impuras?
Cavaleiro das armas escuras
Macilento, qual morto na tumba...
Tu escutas... na longa montanha,
Um tropel teu galope acompanha
E um clamor de vingança retumba...


Cavaleiro, quem és? - que mistério
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?
Sou o sonho da tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!





... do genial Alvares de Azevedo


..

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Você adota problemas?


Os dias são decisivos quanto ao nosso temperamento, não?...


Me perguntaram outro dia se sou feliz e a primeira coisa que me veio na cabeça foi dizer "não, de maneira nenhuma!" .. Me arrependi de responder isso, porque poderia ter sido mau interpretada caso não pudesse me explicar, o que não foi o caso.


De fato, não sou plenamente feliz por motivos alheios ao meu dia-a-dia. Toda essa questão vegetariana, essa ideologia, são motivos pessoais de preocupação. Não só os bichos que sofrem sem poder se defender ou ter quem os defenda, mas penso bastante também naquela realidade do lado de lá da calçada... as crianças marginalizadas do meu bairro, a miséria daquelas famílias que, por um lado, sou grata por poder presenciar para construir uma visão crítica e realista da miséria, mas por outro.. me ver tão próxima e tão impotente me deixa revoltada... é difícil ser plenamente feliz se vemos que gente que não merece anda passando aperto por aí...


Mas se me perguntassem denovo, eu reformularia a resposta... eu não tenho do que reclamar da minha vida... eu tenho tudo o que eu quero, como poucos. A verdade é que eu tenho muita sorte de poder esquentar a cabeça com problemas que não são diretamente meus... diria que os adotei por falta de ter meus próprios problemas... parece cretino da minha parte, mas eu acredito estar fazendo o certo...


Me lembro vagamente da idade, mas precisamente da situação: quando era muito criança, meu tio me deu um ursinho de pelúcia. Pouco depois, meu pai deu um outro ursinho, idêntico, por coencidência. Me lembro que aconselharam que me disfizesse de um deles para doação, mas pra mim foi como um pesadelo me desfazer de qualquer um, pois pra mim eram mais que ursos: um representava meu tio e outro meu pai... e além disso, quando somos crianças os brinquedos tem vida, né... estava com dó do urso que iria descartar também, confesso, de certo imaginando que ele iria embora numa caixa pensando "Sacanagem hein Ísis!!" ..


Na noite seguinte do descarte, fui tomada por um sentimento que, não lembro ter me sentido assim denovo por outro motivo, mas foi tão intenso que sou capaz de reproduzi-lo hoje... me tranquei no quarto e comecei a rezar e a chorar baixinho, apesar dos soluços... pedia perdão, não me conformava, achava que devia ter lutado pra ficar com os dois, me sentia injusta, má.. e em seguida passei a me lembrar das mau criações que cometia contra meus pais ou irmãos... das vezes em que me senti vingada quando minha mãe castigou meus irmãos por me fazerem qualquer coisa... de repente, me sentia imperdoável por ter pego pra mim aquele bubballoo que esqueceram na beira da piscina do club, ou quando destruí um formigueiro, sapateando encima dele..pensava em cada formiguinha que morreu, desesperada, a dor que não teria sentido... cara, como criança é inocente! Eu me emociono pensando como eu era pura.. onde foi parar essa franqueza? Será que todo mundo já foi inocente assim, mesmo que cedo demais para se lembrar? Quem nos corrompe?


Hoje eu comparo as minhas atitudes com essa da minha infancia e percebo que perdi essa coisa de se arrepender de tudo o que tenha feito de errado... os adultos costumam não se culpar pelos seus erros, principalmente os menores, porque encontram motivos plausíveis para faze-los.. A gente nasce sabio e se emburrece com o tempo...
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